Em aquecimento, o mercado imobiliário de Niterói hoje conta com 33 empreendimentos em construção e prevê 30 lançamentos nos próximos 12 meses. Isso significa um acréscimo de aproximadamente cinco mil novas unidades residenciais para venda, com a estimativa de movimentar R$ 2,1 bilhões na economia e promover a geração de 30 mil empregos, diretos e indiretos, até 2027. A expectativa é que 2025 se equipare ao melhor momento do setor na cidade, que foi registrado em 2012, com 37 lançamentos. O terceiro trimestre deste ano reflete essa retomada, com aumento de vendas e projetos.
Já falta mão de obra
De acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi Niterói), o número de vendas cresceu 54% no terceiro trimestre. Foram vendidas 401 unidades de agosto a setembro, e 257 no mesmo período do ano passado. O número de lançamentos também aumentou consideravelmente nesse período, com oito novos empreendimentos sendo lançados, 300% a mais do que no terceiro trimestre de 2023, que teve dois.
— Mesmo com os juros ainda altos, o mercado destravou. O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) acumulado nos últimos 12 meses é de apenas 5,72%. Está valendo a pena comprar na planta. Entretanto, o mercado de imóveis prontos tem volume de transações quase cinco vezes maior. O momento é muito bom. Ao longo da crise, de 2015 para cá, tivemos anos com apenas um lançamento. O ciclo de cada empreendimento é longo. Do lançamento até a entrega, são cerca de três anos. Então estamos falando de uma empregabilidade de mais de 30 mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos. É um impacto forte na cidade. Já estamos sofrendo com falta de mão de obra —afirma Bruno Serpa Pinto, vice-presidente da Ademi Niterói e CEO da Spin Inovações Imobiliárias.
Segundo Serpa Pinto, após os bons números do terceiro trimestre, a previsão do setor para este quarto trimestre é ainda melhor, superando metas de vendas. Ele destaca o papel da construção civil na economia da cidade:
— Não é verdadeiro que Niterói só vive de royalties de petróleo. A construção civil e o grande cluster hospitalar da cidade movimentam muito a economia. E o mercado começou a pegar energia a partir do segundo semestre. Se compararmos 2024 com o ano passado, não tem essa mudança de vigor tão exponencial que observamos a partir do terceiro trimestre. Para se ter uma ideia, só a Spin tem a expectativa de vender mais de R$ 250 milhões neste último trimestre. Ou seja, é mais do que vendemos no terceiro trimestre, com um total de R$ 223 milhões. Acho que bateremos a meta, que são R$ 300 milhões. Só em outubro fechamos com mais de R$ 100 milhões de vendas.
A Ademi também atribui o bom momento à nova lei de uso e ocupação do solo, sancionada este ano.
— A lei anterior era ultrapassada, não existiam serviços de entrega, fibra ótica. Hoje é possível se pensar em comprar um carro elétrico porque os novos empreendimentos contam com espaços para carregar. São atributos que fazem com que as pessoas se movimentem. Ou porque a família cresceu e quer um imóvel maior, ou diminuiu e busca um menor e mais inteligente. A Região Oceânica cresce com muito verde preservado e não vai ter espigões. Isso vai proporcionar uma qualidade de vida muito bacana. Hoje Piratininga é o bairro com maior velocidade de venda. Não tem o mesmo volume que Icaraí, que ainda é o bairro mais procurado, até porque o gabarito é bem menor, mas são empreendimentos com maior liquidez. O túnel Charitas-Cafubá, as obras do Parque Orla e os serviços que foram chegando influenciam nessa procura — explica Serpa Pinto.
Bairros cobiçados
Icaraí continua sendo o local mais cobiçado. Segundo um levantamento da Ademi, o bairro concentrou 24% de todas as transações realizadas este ano, liderando com Piratininga como os bairros com a maior velocidade de vendas. No entanto, quando se avalia o interesse por compras o percentual é bem maior, representa 59% de todas as buscas por imóveis na cidade.
E a procura é por imóveis de diferentes perfis, desde os estúdios e lofts a imóveis de altíssimo padrão, como o The Edge na Praia de Icaraí, que teve dois apartamentos vendidos este mês por R$ 7milhões cada. Lançado recentemente, o empreendimento Íon, condomínio de alto padrão que será construído no terreno onde funcionava o Itaú da Gavião Peixoto, teve 90% das 169 unidades vendidas em apenas um mês, em parceria da Soter com a Spin.
Revitalização do Centro
Além de Icaraí e Piratininga, outro bairro que vem atraindo a atenção do mercado imobiliário é o Centro. A região concentrou 15% de todas as transações realizadas este ano, atrás apenas de Icaraí.
Segundo a Ademi, o Centro vem atraindo compradores de fora de Niterói, e a renda média familiar de quem comprou no bairro nos últimos 12 meses é de R$ 18.500. O empreendimento The Píer, que será erguido em frente ao Caminho Niemeyer, com vista para a Baía de Guanabara, ultrapassou 250 unidades vendidas em 60 dias de lançamento.
— E não estamos falando de moradia popular. As perspectivas são muito boas no Centro, com a revitalização da região. Os dois lançamentos da Cury na frente marítima são sucesso total. O RB220 e o The Píer estão em um dos melhores terrenos do Centro. A vista é eterna para a Baía de Guanabara, porque no Caminho Niemeyer ninguém pode construir. Outro empreendimento lançado recentemente foi o Green Life, no terreno da antiga Rio Decor. O projeto é de uma empresa de Minas que é a companhia de maior sucesso hoje no Rio, a Novolar, do Grupo Patrimar, e resolveu investir agora em Niterói — destaca o vice-presidente da Ademi.